O arranjo urbanístico da Baixa da Areia permitiu voltar a dar uma nova vida a uma zona balnear algo esquecida e pouco cuidada mas que pela sua localização privilegiada e pela sua disposição acolhedora, necessitava de uma cuidada intervenção motivadora de um novo uso pelo público em geral.
Perante um espaço com características naturais únicas, marcado pela má intervenção humana, surge como primeiro impulso a necessidade de devolver ao sítio a sua forma original, motivação da ideia de projecto que assume uma dialéctica contraditória entre o artifício dos volumes desenhados e a procura de identidade com o espaço natural. As referências determinam a morfologia e a lógica de organização do espaço, procurando-se na orgânica das formações basálticas e na ligeireza do ramificado do arvoredo a matéria a explorar.
Os volumes de apoio à praia ocupam uma plataforma talhada pelos fenómenos naturais na encosta de rocha vulcânica que envolve o areal, pontuada por uma linha serpenteante de árvores centenárias.
A proposta materializa-se à imagem dos blocos de basalto “arrancados” à pedreira apropriando-se dos espaços intersticiais deixados pela vegetação densa. Os percursos e as áreas de sombra e de permanência constituem elementos efémeros, mutáveis, que convidam à reflexão.