Creche Bernardo Manuel Silveira Estrela

Ilha de São Miguel, 2007 - 2013

Numa perspectiva integrada de ampliação e melhoria das condições que caracterizam as actuais instalações da Casa Bernardo Manuel Silveira Estrela e com o objectivo de colmatar as insuficiências ao nível da procura de vagas disponíveis para crianças da faixa etária entre os 0 e os 2 anos que se tem verificado na cidade de Ribeira Grande, foi-nos proposta a criação de um projecto para uma nova Creche Bernardo Manuel Silveira Estrela.

Assim, por se tratar de um terreno amplo e sem grandes constrangimentos urbanísticos resultado do afastamento ao arruamento público situado no limite norte do terreno, as infraestruturas viárias a adaptar como via principal de acesso e as construções existentes na propriedade, nomeadamente a Ermida, Casa principal e a alameda de acesso pedonal ladeada por árvores de porte desenvolvido, acabam por ser assim as principais condicionantes deste projecto.

Deste modo, pretendeu-se desenvolver um objecto arquitectónico desenhado segundo uma filosofia contemporânea de criação de edifícios públicos, assente na objectividade funcional, na composição volumétrica e no tratamento luz de modo a garantir bons índices de luminosidade nos espaços interiores.

Considerando as exigências do programa funcional, a concepção deste edifício surgiu a partir da ideia de criar um objecto arquitectónico desfragmentado, materializada através de seis volumes de diversos tamanhos dispostos segundo uma base ortogonal, interligados por corredores de ligação com cobertura plana que demarcam as principais zonas de circulação e transição entre volumes. Com os afastamentos entre os diversos volumes, criamos um conjunto de pátios e reentrâncias que resultam do exercício formal adoptado na concepção arquitectónica deste projecto, ou seja uma dinâmica volumétrica que atenue o impacto que um edifício com esta dimensão poderia causar sobre uma área rural constituída na generalidade por volumetrias de dimensões mais reduzidas. Neste contexto, e considerando a grande disponibilidade na ocupação do terreno em causa e a considerável extensão do programa funcional, propomos a construção do edifício apenas no piso térreo, de forma a evitar as comunicações verticais, elementos sempre condicionadores em edifícios desta natureza.

Nesta perspectiva de atenuarmos a volumetria proposta, desenhamos um edifício formalmente dinâmico, não só em termos planimétricos, bem como no que se refere à solução das coberturas, e ao consequente tratamento diferenciado dos espaços interiores. De modo a tirar partido dos espaços exteriores localizados entre os diversos volumes que caracterizam o edifício, projectámos os vãos envidraçados com o objectivo de criar zonas vivenciais de entretenimento e lazer entre as salas e simultaneamente controlar de uma forma eficaz a entrada de iluminação natural no interior do edifício.