O projecto insere-se na operação de reconstrução após o sismo, que em Julho de 1998 sucumbiu as ilhas do Pico e Faial, incluindo o colapso da antiga Ermida da Almagreira – um imóvel dos anos 70 implantado no meio desta comunidade, sem grande qualidade conceptual ou construtiva e que, talvez por isso, nunca estabeleceu um vínculo afectivo com os habitantes.
Como preexistência urbana, o lugar da Almagreira desenha-se num único arruamento, integrando perpendicularmente habitações de planta linear viradas a nascente. Neste contexto, a regra urbana estava já ditada. E o lugar de panorama promulgou o resto: um templo para uma assembleia com 80 pessoas aproximadamente, francamente aberto para o mar, para a montanha do Pico e, claro, para a própria comunidade. A nave (7x7x21m) é de planta em cruz latina assimétrica: no braço maior, uma pequena Sacristia contígua ao Altar e, no menor, uma janela em betão aparente que rompe a fachada. Sobre o Altar, o axismundi marcado por um lanternim em betão.
A assimetria do edifício é reforçada ainda, por um campanário implantado no extremo nascente do lote, junto ao arruamento.
O desenho dos elementos que constituem o altar e a assembleia (sacrário, ambão, as cadeiras da presidência e os bancos da assembleia) utiliza uma linguagem coerente com o espaço do próprio altar, que se projectou em forma de “caixa de madeira”, e com o biombo.
Apesar do aspecto racionalista desta obra, foi intenção explorar o lado da intuição ou até mesmo o lado transcendental, patentes também no retábulo em madeira de Artur Amaro e nas metáforas inscritas no Sacrário em bronze de Pedro Cabrita Reis.