A intervenção teve como objectivo construir um novo edificado e adaptar parte do existente às funções habitacional e de equipamento, sem ignorar a sua inserção e o seu contexto urbano envolvente.

Em termos programáticos, o edifício foi construído por forma a permitir a constituição de dois fogos de tipologia T2, dotados de estacionamento e áreas de logradouro, bem como uma área destinada a guardar o espólio da família da requerente a que chamamos “Biblioteca”. Este espaço destinado à instalação da Biblioteca foi projectado essencialmente para garantir o bom acondicionamento de um espólio de valor estimável, permitindo pontualmente a sua consulta e estudo, ainda que se trate de um espaço privado. Nessa perspectiva projectamos uma área em aberto, permitindo uma fácil utilização e a disponibilização dos meios mínimos de controlo de utilização, que se impõem pela filosofia deste espaço. Trata-se de um espaço aberto que se desenvolve em três pisos, acessíveis por uma escada central, sendo o piso térreo e o primeiro piso destinados à Biblioteca propriamente dita e o terceiro piso a uma área de estudo, onde localizamos as instalações sanitárias e outros espaços de apoio.

O objecto arquitectónico tem um carácter abstracto, contemporâneo no que se refere à concepção, ainda que procure motivações na arquitectura dita tradicional, procurando estabelecer um diálogo com o edificado que constitui a frente de rua, na proporção dos vãos, ritmo da fachada e materiais de construção propostos. Considerando que se pretende manter parcialmente a fachada existente, propomos que a filosofia de composição fragmentada se traduza fisicamente no pano proposto, materializado pela justaposição de vários volumes brancos, da qual resultam espaços vazios correspondentes aos vãos. Esta composição segue uma regra que nos permite garantir alguma vibração à fachada, proporcionando uma imagem assimétrica na composição dos vãos correspondendo, de certa forma, à memória da fachada existente.