Situado na costa norte da Ilha de São Miguel, o terreno apresenta uma vista ampla para as matas e pastos circundantes.
O cliente manifestou desde o início um desejo de abertura e conexão com a natureza, e poucas indicações sobre o interior da habitação, com excepção da vontade de incluir memórias de viagens antigas através de alguns objectos.
A formulação arquitectónica limita a acção de construir ao mínimo, o mais etéreo possível quando se constrói com betão, desenhando uma simples moldura e dando forma ao limite entre interior e exterior, e mantendo-o flexível. Assim projecta-se uma caixa de betão flutuante. A moldura em betão não toca no chão, e o espaço interior é separado do exterior por painéis de correr em vidro.
No terreno circundado por altos muros de pedra, o edifício está implantado junto ao seu limite poente, sem relação com a frente da rua, tornando-se quase invisível a partir da mesma.
A tensão assim criada entre o muro e a construção no lado poente confere ao espaço intersticial um sentido de intimidade, suficiente para defini-lo como jardim, em contraposição com o restante terreno à frente da casa.
A partir do exterior o edifício materializa-se através de luz e sombra, a sua massa e presença aparecem e desaparecem com a passagem de uma nuvem.
O espaço interior da casa, levado ao essencial, articula-se em uma zona de dormir e uma de estar, separadas por um bloco funcional que inclui arrumação, a cozinha e a instalação sanitária: uma caixa dentro da caixa.
Como expansão dos espaços da sala e do quarto existem zonas exteriores cobertas.