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Museu do Vinho

Ilha do Pico, 1988 - 1999

O Museu do Vinho foi concebido e desenhado em 1988-1991, e construído a partir de 1992, sendo inaugurado (a parte executada) em 1999. Trata-se da que poderia ser uma das obras mais representativas do autor, pela sua pujança, sentido do lugar, materiais e formas utilizados. Porém, falta-lhe a construção do edifício nuclear, agregador de todo o conjunto (relacionando lagar, mirante e casa antiga, ligado a esta por uma galeria suspensa), que seria destinado a adminstração e reservas, e às exposições.

Mesmo assim, o resultado é forte, dos pontos de vista espacial e formal, estruturando um percurso: o corpo negro e branco da edificação em pedra, a antiga instalação conventual dos Carmelitas, em dois pisos e com o expressivo carácter vernáculo dado pelos aventais das janelas “em bico”, bem como o anexo térreo, igualmente em pedra, formam e delimitam o pátio de entrada; por este se acede ao esplêndido e centenário dragoeiro, e desde ele, para o lado do mar, percorre-se o passadiço que termina num pequeno pavilhão quadrado de madeira vermelha, o mirante, suspenso sobre os vinhedos e os muros de compartimentação das terras; a sua silhueta piramidal oculta a cobertura interna, que capta a luz zenital de modos diversos e engenhosos – “erguido sobre o vinhedo e o mar, vibrante na sua pintura a vermelho” (1, op.cit., p.107). Ao fundo do terreno principal, encontra-se o antigo lagar, recuperado.

O conjunto apresenta, no projecto original, uma composição muito inventiva, que concilia o sentido de organicidade e de integração na paisagem vegetal, com uma cuidada e dispersa sequência de corpos edificados, quase surpreendentemente bauhuasiana – que o autor explicava pelo contexto: “Por respeito à idade do dragoeiro, todos os edifícios (velhos e novo) se acomodaram à sua volta numa disciplina ortogonal herdada da quadrícula dos muros que protegem as vinhas” (2, op.cit., p.91).

No geral, Paulo Gouveia utiliza os elementos tipológicos e materiais que caracterizam as suas obras mais marcantes: corpos de base rectangular e sentido pavilhonar, funcional; clarabóias de captação da luz zenital, em madeira; acabamentos dessa madeira, em tabuado, com pintura.