Museu dos Baleeiros 2ª Fase

Ilha do Pico, 2005 - 2008

Constitui o mais original museu dos Açores, quer pela sua temática, quer pela solução construtiva e arquitectónica adoptada – e representa talvez a mais conhecida e emblemática obra de Paulo Gouveia.

O projecto, desenvolvido entre 1984 e 1986, foi edificado até 1989 (sendo inaugurado em 1988) e recebeu uma ampliação nos anos 2007-2008: “Esta pequena mas representativa edificação recuperou, no centro da vila [das Lajes], várias casinhas de botes dedicados àquela faina pesqueira, dentro de uma linguagem neo-vernácula que reutiliza com gosto e sentido de proporção e equilíbrio, as pequenas construções de alvenaria, os telhados singelos de duas águas, as texturas e revestimentos exteriores em madeira pintada – ao modo de uma certa evocação da arquitectura tradicional [popular] anglo-saxónica da Costa Este dos Estados Unidos.” (1, op.cit., p.109) Com este trabalho, o autor definiu e firmou os elementos essenciais do seu léxico arquitectónico, que aprofundou e depurou nas obras posteriores: espaço e as formas como resultantes de um diálogo entre o mundo erudito e o mundo vernáculo; sentido orgânico do desenho, que serve a relação de diálogo atrás referida, criando composições de volumes assimétricos, em equilíbrios dinâmicos; complementaridade /dialéctica, nas superfícies externas, entre os materiais de alvenaria rebocada e branca e uma “arquitectura de madeira”, sempre texturada, cromática; recurso a tipologias de espaços simples, de planta rectangular, potenciando um “espaço-hangar”, de cariz funcional e evocação algo industrial; soluções de iluminação zenital e/ou pelo sistema das mansardas, possibilitando uma claridade enriquecedora das ambiências intimistas dos espaços internos.

Paulo Gouveia voltou a este conjunto, quase vinte anos volvidos, para estudar a sua ampliação – a qual foi pensada como uma continuação “horizontal” da série de volumes existente, mas ao mesmo tempo, assumindo claramente um tempo e uma proposta arquitectónica diferenciada.

Assim, às três casinhas – salas de botes existentes, rematadas pelo espaço da biblioteca actual (2, op.cit., ver o corpo de exterior azul e branco, emblemático da fase inicial), Paulo Gouveia acrescentou lateralmente, e com autonomia interna, mais 3 “módulos”, com coberturas de duas águas cada, mas exprimindo/distinguindo a sua “nova invenção” pelo revestimento uniforme das suas sequenciais partes superiores com superfícies cinzentas texturadas a linhas horizontais. Destinados a direcção, administração, serviços técnicos e arquivo, os novos espaços internos são de escala muito rica e trabalhada, por via dos meios pisos (com janelas abrindo para o interior), de galerias, escadas e tectos de madeira pintada, e por rasgamento de clarabóias superiores.