Recuperação das Casas dos Dabney

Ilha do Faial, 2010 - 2012

A Secretaria Regional do Ambiente e do Mar preconizou em 2012 um conjunto de medidas visando a recuperação de todo o património legado pela Família Dabney, na vertente Norte do Monte da Guia. O património em causa compreende a Casa de Verão da Família, a Adega o Miradouro e a casa dos botes, imóveis inseridos na Paisagem Protegida do Monte da Guia, descrita no D.R.R 13/84/A de 31 de Janeiro e revogado através do D.L.R. Nº 46/2008/A de 7 de Novembro. As intervenções respeitaram as normas gerais referidas no Regulamento da Paisagem Protegida do Monte da Guia.

A casa e a adega revelaram métodos e materiais de muito boa qualidade, como o pinho resinoso na estrutura das coberturas e nos trabalhos de carpintaria e acabamentos em interiores, a telha cerâmica de meia cana nas coberturas, e a pedra de tufo, tão característica neste local na estrutura de paredes. Apoiado em levantamento anterior, em fotografias antigas e recentes, foi possível concretizar um levantamento arquitectónico dos imóveis e sua finalidade.

Prevaleceu neste Projeto a reposição dos alinhamentos originais obtidos a partir das ruínas existentes. A alteração funcional prevista no programa de ocupação pretendido pelo Dono da Obra, impôs a compatibilização de alguns dos espaços primitivos para os novos usos e exigências legais.

Para a Casa nesta recuperação arquitectónica, mantiveram-se as características e proporções exteriores dos alpendres e materiais de acabamento, em portas e janelas, preservou-se a distribuição e compartimentação primitiva em compatibilidade com o programa de ocupação pretendido.

Os dois imóveis encontram-se apenas separados por um acesso inclinado primitivamente rampeado em terra que teve de ser adaptado para o novo uso nomeadamente instalando rampas de acesso a cidadãos com mobilidade condicionada ao piso nobre da Casa, bem assim no acesso à antiga Adega.

Relativamente à Adega foi preservada a sua compartimentação primitiva, a partir dos vestígios que resistiram ao abandono de várias décadas e onde é dado destaque aos pilares que caracterizavam a estrutura primitiva da cobertura, totalmente refeita. Também parte das paredes primitivas foi deixada à vista e foram reabilitados espaços para uma instalação sanitária com acessibilidade a cidadãos com mobilidade condicionada, arrumos e um mini auditório. É neste interior reabilitado que se instalou um espaço “museológico em tributo à Família”, e onde vários suportes contem referências da presença na Ilha desta distinta Família constituídas por textos, fotografias antigas e alguns objetos contemporâneos à época são expostos.

A recuperação exigiu um considerável trabalho de recolha de soluções arquitectónicas que não eram comuns em construções dos finais do Séc. XVIII na Região, nomeadamente na Casa, onde o alpendre na frente da fachada sobre a baía assume um papel preponderante.

Durante os trabalhos de recuperação, entendeu-se deixar também a descoberto a cisterna a sul, associada ao alpendre original.