Centro de Visitantes da Furna do Enxofre

Ilha da Graciosa, 2006 - 2010

Efetivamente o elevado nível de interesse turístico e científico não tem correspondência nas condições proporcionadas aos visitantes. Criar um equipamento capaz de controlar o acesso, fornecer informação e potenciar a apreensão do lugar, foi o desafío a que esta proposta tentou responder.

Entrar na Caldeira do vulcão, deverá significar o ultrapassar de uma fronteira onde a vivência do espaço proporcionará horas de fruição e lazer num mundo diferente, intemporal, e que, por último, nos conduzirá ao interior da terra.

Aumentar o tempo de permanência no interior da caldeira é assim o segundo desafio a que a proposta tentou responder, necessariamente de uma forma parcial, já que não abrange a totalidade do território.

Chegar a pé, balanceando o olhar entre o chão e o céu, absorvendo o perfume e o silêncio do local, qual processo de preparação à fantástica obra da natureza a que o homem sabiamente respondeu em 1939, é naturalmente, o proceso aquí seleccionado para o usufruto do local.

Implantado no local do contentor existente, alinhado pelas crateras, construído sobre a plataforma de receção, suspenso sobre a linha de água e o rasgo na superfície, o edifício pretende surgir naturalmente visível, mas não impositivo, transparente e presencial.

Nesta mesma linha se integram os arranjos dos espaços exteriores; refazer plataformas, construir escadas e muros de contenção, moldar o terreno afirmando o construído, optar por materiais tradicionais, que o diluam, intervir realçando a natureza, enfim, promover uma integração o mais perfeita possível entre o construído e o natural.

Edifício de vidro em dois pisos, em que o piso inferior enterrado na plataforma, contém as instalações sanitárias e a arrecadação de apoio; no piso superior situam-se a área de foyer, o controlo dos visitantes e da qualidade do ar no interior da furna, as instalações sanitárias dos deficientes e toda a área reservada à divulgação, sensibilização e observação da paisagem.

No exterior e defronte do edifício, no parque de estacionamento existente, situa-se uma área de estar, com mesas e cadeiras, para o usufruto deste local único. Dadas as restrições de visita, decorrentes do controlo de qualidade do ar, os visitantes poderão observar do terraço do edifício, em plataforma projetada sobre a furna, os rasgos na superfície e absorver parcialmente a magia do local.

Pedra irregular em muros e paramentos exteriores, madeira no deck e soalho interior, contraplacado marítimo envernizado em lambrins e armários, reboco liso e gesso cartonado pintado a branco em paredes e tetos, cabinas em resina fenólica e azulejos, em cores vivas, nas instalações sanitárias, aço inox despolido em caixilharias e guardas, cobertura em cobre escurecido, são resumidamente alguns dos materiais a utilizar nesta intervenção e, com os quais, se procura garantir um ambiente agradável e uma fácil manutenção.