Casa SJ

São Miguel, 2014 - 2016

No terreno encontrava-se, já parcialmente em ruínas, uma modesta habitação em alvenaria de pedra. A articulação dos espaços existentes correspondia à tipologia tradicional, existindo uma promiscuidade entre os espaços habitativos e aqueles mais ligados às actividades de produção agrícola. Assim a habitação era constituída por três volumes: confrontantes a rua, um volume de um piso com o espaço de estar e um outro com mais altura destinado a arrecadação, com uma falsa em madeira; nas traseiras, com accesso pelo espaço de estar, o volume da cozinha com forno a lenha e chaminé, já em ruínas. A restante frente para a rua era ocupada por dois espaços de arrecadação, com um piso e cobertura de duas águas.

A partir da conservação dos espaços existentes, com excepção da cozinha, desenha-se a 

sua recuperação e ampliação para melhor corresponder às exigências habitativas actuais. Os espaços de arrecadação existentes são adaptados para garagem e no lugar da antiga falsa realiza-se um piso, obtendo um espaço de sótão.

O volume da ampliação encosta-se à pré-existência, desenvolvendo-se num único piso com cobertura plana. Este também implanta-se a uma cota mais baixa em relação ao edifício existente, para destacar-se da construção original, enriquecer a articulação espacial entre a sala de estar e de jantar, e reforçar a relação desta ultima com a zona exterior do pátio e jardim.

A parede de tardoz  da casa é demolida de forma a promover uma melhor integração estrutural e fluidez de espaços entre a nova construção e a antiga.

O objectivo de trazer mais luminosidade para o espaço da sala de estar concretiza-se através da realização de um pátio, assim como na abertura de um amplo vão na parede entre a sala de estar e de jantar. Esta, tendo uma das paredes completamente envidraçada, traz iluminação e vista para o interior da casa.

As coberturas dos volumes que confrontam com a rua têm duas águas inclinadas, de forma a recuperar a volumetria original e melhor integrar-se com os edifícios adjacentes.

A ampliação apresenta uma linguagem neutra e essencial, integra-se na paisagem natural envolvente e não entra em conflito com a construção existente. A placagem das paredes exteriores com tábuas de madeira horizontais chama à memória os tradicionais espigueiros da região.

O volume das garagens é mantido, procurando a sua abstracção formal através de um processo de uniformização das superfícies, paredes e cobertura.