A meia altura da Montanha, oculta pelas nuvens, onde acabam os últimos vestígios da nossa civilização e impera a natureza, começa o caminhante o seu desafio à resistência e coragem.
Nesse sítio onde a chuva e o nevoeiro são frequentes, começa um trilho de cerca de 5Km que o levará ao ponto mais alto de Portugal 2351 m, passadas cerca de 3/4 horas.
Local quase mítico e inspirador de poetas, este estratovulcão de elevada riqueza geológica e biológica, e como tal classificado reserva natural, impulsiona 2500 turistas/ano a escalá-lo, por forma a visionar as diferentes ilhas do grupo central e orgulhosamente poder dizer “eu estive lá”.
A necessidade de apoio aos visitantes, de informação ambiental e recomendações, bem como do controlo de subida, levou à projetação da Casa de Apoio, no local destinado ao estacionamento de viaturas privilegiadas e da proteção civil.
A verificação de que o local escolhido é, por si mesmo, já um local de visita, em função do que se vislumbra ou da utilização mais ou menos prolongada, (derivada da largada ou tomada de pessoas que se decidem à aventura da escalada), levou à inclusão no programa de um espaço destinado à estadia, com funcionamento autónomo do acesso à montanha e que, se estabeleça como mais um equipamento aberto aos residentes da ilha do Pico.
O edifício, procura retratar os elementos da arquitectura tradicional sem recorrer a mimetismos fácies, reinterpretando na sua conceção e construção os materiais, a volumetria e a adaptação à topografia do local; a solução adotada em função do sítio, permite diminuir o impacto da área construída, substituindo o ondulado das pequenas colinas por um primeiro plano com as mesmas características (conjunto edifício mais escadas). Dividido em dois corpos unidos por um elemento transparente, o edifício abre-se nos topos para a paisagem, estabelecendo uma relação direta entre a função dos espaços e o enquadramento.
Sobre uma estrutura em betão armado maciço, esta construção é revestida a alvenaria de basalto aparente em paramentos verticais e a cobre, em camarinha, nas coberturas. Desta conjugação de materiais e por oxidação do cobre, obter-se-á um edifício negro, contrastado pela utilização de cor-de-fogo em caixilharias de madeira de afizélia e vidro duplo. No interior a utilização de madeira à cor natural como revestimento de pavimento, lambrins e armários, proporciona um ambiente quente e confortável. No exterior a escadaria e os muros são executados ou revestidos a alvenaria de basalto aparente, e o pavimento do parque de estacionamento em bagacina vermelha.